Na minha juventude apenas se conheciam 9 planetas no sistema solar. Os exoplanetas (aqueles que são exteriores ao nosso sistema) só recentemente foram descobertos. Fascinava-
-me a possibilidade de descobrirmos vida além do nosso planeta.
Com o passar do tempo percebi como era fascinante (re)descobrir a vida na própria Terra. Este é, na verdade, um local propício para nos fascinar com múltiplas maravilhas, e ao mesmo tempo nos horrorizar com tantas atrocidades! Apesar destas últimas, os encantos do planeta, e da vida nele, são fabulosos, são magníficos para nos transmitirem muitos ensinamentos e nos proporcionarem uma grata evolução, e nos proporcionam a oportunidade de eliminarmos o que é negativo.
Actualmente, diversos países europeus estão a entrar em convulsão, uns após outros estão a abrir brechas num mundo que se acreditava ser estável. Os políticos desdobram-se em infinitas reuniões e tentativas de encontrarem soluções consentâneas para estabilizar o modus vivendi europeu da forma como estava a ser conduzido, mas a corda a que os países se agarraram vai sendo puxada para o fundo do mar, e uns atrás dos outros vão-se afogando na tentativa desesperada de se salvarem. E neste “salve-se quem puder” começam a pisar a população -- que os poderia ajudar economicamente, por um lado, e usufruir de benefícios sociais, por outro -- fazendo com que percam as regalias já alcançadas e passem a contribuir ainda mais para salvar somente a elite financeira. Se a trajectória continuar a mesma, então, o rumo já está delineado e não será o mais bonito, mas será muito didáctico, certamente!
Os povos europeus habituaram-se a benefícios sociais dignos de qualquer ser humano: acesso gratuito à saúde, à assistência aos idosos, ao ensino para todos, aos serviços de higiene pública, a diversos subsídios a vários níveis, aos empréstimos bancários, etc. etc. etc., mas tudo isso poderá ter os dias contados, para alguns até já expirou o prazo quando deixaram de ter emprego e subsídio de emprego, quando viram serem fechadas unidades hospitalares e outras coisas mais… e quando o modo de vida europeu falir muita gente vai precisar de ser ajudada. Neste momento já muitas pessoas estão a necessitar desse apoio!
Nesta batalha, ou guerra mesmo, em que nos encontramos e em que o capital luta contra a justiça e equidade social, bastantes combatentes irão cair feridos e muitos precisarão de se tornarem enfermeiros à força para irem cuidando dos camaradas necessitados, pois os hospitais de campanha estão a ser destruídos pelas lutas e os feridos precisam de cuidados ainda dentro das trincheiras. Em Portugal algumas unidades de saúde e centros escolares já foram bombardeados, muitos guerreiros já perderam os seus empregos, ou pequenos negócios. Muitos soldados estão a perder a sua ração de combate e não têm como se alimentar! Está na hora dos soldados que permanecem saudáveis começarem a dar apoio aos mutilados, e a esquecerem as balas que cruzam sobre as suas cabeças, para se organizarem em grupos de apoio de retaguarda.
Esta é uma grande oportunidade de partilha voluntária, mesmo que tenha começado de forma compulsória! Muitas pessoas começarão a sentir necessidade (algumas já estão a senti-la) de contribuírem dalguma forma para a colectividade, para a comunidade. Uns irão dando a mão aos outros e aos poucos se formará uma corrente solidária e de preocupação com o grupo, bem diferente da preocupação individual de que temos sido testemunhas ao longo da História.
Muitas pessoas darão o seu contributo mesmo só acreditando na vida material, outros, porém, sentirão necessidade de buscar algum apoio espiritual e de encontrar uma justificação para tantas coisas aparentemente incompreensíveis. Será neste âmbito que muita gente encontrará o seu rumo na espiritualidade sentindo, aí, um ombro amigo pronto a ouvir as mágoas e ajudar a descarregar o peso do fardo carregado nas suas costas!
Hoje, já nem todas as guerras têm que ter batalhas com armas reais, estas poderão ser subtis e fazer tantos estragos e tantas vítimas como as tradicionais. Podemos acreditar que esta é uma verdadeira guerra entre o Bem e o mal, na qual temos necessidade de participar… Cabe a nós escolhermos o lado no qual queremos ficar e participar activamente com a nossa contribuição, seja ela generosa ou humilde, em vez de permanecermos de mãos atadas vendo os outros a tombar e ficando à espera de sermos as próximas vítimas! Mas se isto é uma guerra em que armas deveremos então pegar?
— Nas armas da consciência, nas da ajuda material e do apoio moral, nas colheres e nos pratos, nas doações, e ainda usar, também, as armas da prece e do perdão que são ferramentas espirituais!
João Galizes
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