
Realmente, é fácil sentirmo-nos vítimas de tantas circunstâncias, mas o que fazemos nós pelos outros, a maioria das vezes, para considerarmos que eles têm que fazer alguma coisa por nós!?
Há algum tempo vi uma reportagem em que um grupo de pais reclamava (e com razão) que a escola dos filhos não estava em condições. As crianças, em qualquer região do país, têm direito a ter aulas em escolas decentes, como aquelas escolas públicas em que eu estudei há 40 anos, e que poucos defeitos tinham que lhes apresentássemos, não existiam lá quaisquer mordomias mas eram acolhedoras para os alunos. Mas hoje, todos sabemos que os autarcas e o Ministro da Educação justificam a falta de condições com a palavra "crise", uma hipocrisia, todos o sabemos, mas muito justificável! E eu pensei: porque não tomam aqueles pais a iniciativa de melhorarem a escola dos filhos? Será porque lhes assalta a pequenez do pensamento sussurrando-lhes que um dia aquela escola deixará de servir os seus filhos e caso eles colaborassem na manutenção da escola estaria a trabalhar para os filhos dos outros!?
Bem, se for esse o raciocínio, então, mal vai o nosso país, pois o que não falta por aí são exemplos de cidadãos beneméritos que ajudam os outros, que colaboram com a comunidade sem quererem qualquer coisa em troca. E desses benefícios, a maior parte das vezes, usufruem os cidadãos que não colaboram para o bem comum. Assim, se passa com as escolas. Se quem deveria cuidar delas não faz, seja qual for o motivo, então outros poderão arcar com a responsabilidade à qual outros fogem.
Felizmente, vi, alguns meses outra reportagem onde os pais dos alunos deitaram mãos à obra e arranjaram a escola já que as autoridades competentes não o faziam. Estes são cidadãos com bom coração que pensam na comunidade e dispensam desempenhar o papel de vítimas, que tantas vezes a maioria de nós adora desempenhar, reclamando não poder usufruir daquilo a que supostamente tem direito!
Espiritualidade não é apenas frequentar a Igreja, ou a comunidade espiritual local, é colaborar com o meio em que estamos inseridos, fazendo aquilo que está ao nosso alcance e reclamando menos daquilo que os outros não fazem por nós.
Um dia estava um homem a plantar umas árvores quando passou um jovem e lhe perguntou: "Que árvores são essas que está a plantar?"
Ao que o velhote respondeu: "São castanheiros, meu rapaz."
"Será que o avozinho ainda espera comer daí algumas castanhas?" - Perguntou o jovem.
"Já não! Certamente que não." - Respondeu o homem.
"Então por que está a plantá-las!?" - Insistiu o rapaz.
"Porque já os antigos plantaram as árvores donde eu colhi os seus frutos, e agora eu planto estas para as gerações que hão-de vir depois de mim... Cada um precisa de fazer alguma coisa para os outros!"
Conclusão: A felicidade, geralmente, não se alcança reivindicando apenas os direitos de cada um, mas, sim, colaborando e proporcionando a outras pessoas como outros contribuem com alguma coisa para nós, também...
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